A História dos Consoles - Segunda Geração
- Tiago Alfano
- 17 de nov. de 2016
- 4 min de leitura

Dando prosseguimento à nossa série, hoje falaremos sobre a segunda geração de videogames, que diferente dos consoles da primeira geração, já nos trazem alguma lembrança e similaridade ao que chamamos de videogame nos dias de hoje. Essa grande diferença somente foi possível graças ao uso de microprocessadores, que desde então estariam presentes em todas as gerações futuras.
A segunda geração tinha aparelhos com capacidade de processamento de 4 a 8 bits, algo insignificante hoje em dia, mas esse poder de processamento gerou uma revolução em 1976, trazendo várias características ausentes na geração anterior. Os videogames agora possuíam cartuchos com jogos armazenados, proporcionando uma variedade de diversão muito maior para o jogador, e ele agora podia jogar sozinho, graças à inteligência artificial controlada pelo computador. Outras mudanças marcantes foram a introdução de mais de uma tela aos jogos, possibilitando a exploração de outras áreas, o uso de até 16 cores na tela e 3 canais independentes de som.
O primeiro console da segunda geração foi o Fairchild Channel F, lançado em 1976, já possuindo CPU e cartuchos com memória ROM para executar os jogos. O videogame teve 26 jogos lançados, mas essa nova forma de rodar os jogos proporcionou uma tendência de mercado em vigência até hoje, empresas de terceiros poderiam desenvolver jogos para o console, melhorando a competitividade entre as produtoras. O Fairchild fez sucesso suficiente para incomodar a Atari, que acelerou o lançamento de seu novo console, o Atari 2600 o videogame mais marcante da segunda geração.
O sucesso do Fairchild fez com que Nolam Bushnell , fundador da Atari, tomasse uma atitude drástica para arrecadar fundos para o lançamento de seu novo console, vendeu sua empresa para Warner por 28 milhões de dólares , e assim pode finalmente lançar em 1977 o Atari VCS (que mais tarde seria rebatizado de Atari 2600). As vendas do console foram baixas nos 2 primeiros anos em que esteve no mercado , esse problema levou a demissão de Bushnell da Atari, e fez com que os empresários da Warner liberassem para qualquer Softhouse a publicação de jogos para o console, sem nenhum controle de qualidade. A estratégia deu muito certo a princípio, em 1979 o Atari 2600 vendeu mais de um milhão de cópias , e fez com que vários jogos clássicos de sucesso fossem lançados , tais como Pacman, River Raid, Enduro, Pitfall e Space Invaders. Nessa fase a Atari contratou celebridades do esporte para suas propagandas como Karrem Abdul Jabbar do basquete, o piloto Mario Andretti e até o nosso rei Pelé !
Aproveitando a fase de lucro crescente a Atari quis expandir a série 2600, construindo o Atari 2700, console sem fio que nunca chegou a ser lançado devido a problemas técnicos. A companhia também lançou em 1983 a versão 2800, exclusiva do Japão, mas foi um fracasso de vendas devido à competição com o Nintendo Famicon ( console da terceira geração). Nessa mesma época, em 1983 o Atari 2600 foi lançado no Brasil, fazendo bastante sucesso e dando inicio a primeira geração de gamers por aqui.
Mas os tempos bons da Atari estavam chegando ao fim, devido aos prejuizos dos projetos fracassados , problemas gerados por gastos na manutenção de consoles defeituosos, a enxurrada de jogos de qualidades duvidosa como Custer´s Revenge (Jogo com conteúdo erótico e racista) e a concorrência com os novos consoles no mercado, fizeram a Warner vender a Atari para a Tramiel, e desde então a empresa nunca mais foi a mesma.
A segunda geração não contou somente com o 2600, outros consoles também foram marcantes O Intellivision da Mattel, possuía capacidade gráfica superior ao do Atari 2600 , tinha em sua biblioteca vários clássicos já lançados nos arcades como Donkey Kong e Frogger e posteriormente recebeu uma expansão que o transformava em um computador pessoal e um acessório que permitia rodar os jogos de seu maior concorrente, o Atari 2600. O ColecoVision consegui ter a maior resolução de tela da geração, 256 x192 pixels, mas mesmo assim , seu lançamento tardio fez com que ele não fizesse muito sucesso. Infelizmente, nenhum desses consoles consegui resistir ao crash dos videogames de 1983.

O crash de 1983 abalou a indústria de videogames nos Estados Unidos. Os principais motivos que geraram essa crise foram a enxurrada de jogos de baixa qualidade no mercado , a chegada dos computadores pessoais que possuíam recursos diversos se comparados com os videogames , que apenas proporcionavam diversão, e o descontrole da Atari, que ficou marcado pelo episódio do jogo baseado no filme E.T. A produtora investiu milhões em um jogo confuso e de baixa qualidade, produziu mais cartuchos do que a quantidade total de consoles vendidos e acabou tendo que enterrar metade dos cartuchos que estavam se acumulando nas prateleiras das lojas.
Essa crise não afetou o mercado brasileiro, já que os consoles de segunda geração tinham acabado de chegar por aqui e tudo ainda era muita novidade. Do outro lado do mundo, no Japão, uma empresa que esteve presente na primeira geração estava lançando seu novo console, que salvaria a indústria do videogame e daria inicio à terceira geração de consoles, mas essa parte da história fica pra proxima semana.
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